terça-feira, 17 de setembro de 2013

Diário de um homem apaixonado




Há alguns dias venho sentindo falta do cheiro dela. Aquele perfume de flores misturado diariamente com o hidratante corporal. Sinto falta do seu andar, da forma como balançava os cabelos e os quadris quando estava apressada, e das caretas quando me pedia opinião nos esmaltes da semana. 

A cama parece que ficou maior desde o nosso desencontro. A comida anda meio sem gosto e minha barba eu simplesmente deixei de fazer. Caminho automaticamente para o trabalho e de lá volto pra casa. Cinema, chop e academia são coisas abstratas e passadas...  Mas eu sei que o meu signo combina com o dela. Acho que o ascendente dela é peixes e meu paraíso astral é ela. 

Ah aquele sorriso toda manhã... O mesmo bom dia todo dia, ainda que tímido e baixinho por conta do sono. As músicas dançantes pra despertar e as clássicas pra acalmar. O vício por frutas vermelhas e a teoria eterna de que ‘dois copos d água em jejum evitam rugas’. As meias espalhadas pelo quarto e as calcinhas penduradas na transmissão do chuveiro. Fora os mil cremes que nunca me permitiram um espaço na bancada do banheiro.

Sinto falta das reclamações em semana de TPM e da ânsia por chocolate depois de litros de lágrimas com um filme aguinha com açúcar. Até das visitas à minha sogra eu tenho sentido saudade. 

Mas o telefone não toca. A música que eu escolhi pra quando ela ligasse pra mim não soa há semanas, e quando ligo, ela deixa chamar até cair na caixa postal. Já mandei emails, flores pra casa e pro trabalho, mensagens por todas as redes sociais, recados por amigos em comum... Até carta eu já escrevi e enviei. Mas não tive uma resposta sequer. E esse silêncio ta me matando.

Acho que to morrendo mais rápido esses últimos dias. Repasso toda a nossa briga daquele domingo, mas não consigo lembrar de nada que a fizesse ferir tanto. Chorei junto com ela todas aquelas horas, e ainda choro de saudade quando vejo nossas fotos enfeitando a casa. Já pensei em desistir, em por um ponto final nessa saudade que parece não ter fim. Mas ai eu lembro daqueles cachos acobreados caídos pelas costas nuas, dos lábios finos ligeiramente umedecidos e daqueles olhos de ressaca que me fazem lembrar a Capitú de Machado de Assis, e decido esperar mais um dia, dois, três talvez. Que sejam semanas ou até meses. Mas eu quero aquele beijo doce de novo.

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