sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A menina e o livro



Ela não sabia LER. Na verdade estava aprendendo, mas tinha preguiça de pensar em se esforçar pra ler igual a gente grande. Mas ela já era grande, pelo menos era o que seus pais diziam. 

Encarava aquele negócio de forma peculiar. O respeitava, tratava-o sempre bem e CORDIALMENTE, mas optava pela não intimidade. Ainda que algumas cores e capas chamassem bastante ATENÇÃO. 

Até que em um dia de outono, enquanto revirava o baú de BRINQUEDOS antigos e doados, ela viu algo BRILHAR. Um brilho estranho, porém forte e intenso. Era um livro pequenino, que cabia na palma da sua mão, com letras douradas que dizia ‘A menina e o livro’. Ela pegou, folheou as PÁGINAS, observou as letras brilhantes e resolveu guardar para mostrar a mãe. Mas o danado, além do brilho que carregava na capa, tinha gravuras interessantes que acabaram despertando a curiosidade de Ana para uma LEITURA instantânea. 

Após ler o título do exemplar com certa dificuldade, ela que nunca se vira tão interessada por algo que não emitisse BARULHO, estava ávida por saber o que de tão interessante contava em acompanhamento às figuras que ilustravam aquele objeto não mais ESTRANHO.

Ana se perdeu entre letras e pontuações. Voltava à página quando não entendia a frase ou contexto, e VIAJOU durante uma tarde inteira pra onde a menina e o livro a levavam. 

Parques, escolas, jardins, praias e montanhas. Ana conheceu tudo isso naquela tarde de OUTONO, que já estava fria. Mas a vontade de saber o que a menina mais tinha gostado de todos aqueles lugares que CONHECERA, era tão grande, que nem o frio nem a fome fizeram Ana desgrudar daquele brilho.

Após devorar aquele pequenino TESOURO, Ana descobriu que o que fez a menina do livro viajar tanto, foi exatamente um exemplar que ela lera durante suas férias escolares. Ana se viu ESPELHADA naquelas páginas que desvendavam mistérios após mistérios. Ana, que tinha preguiça de ler, se entusiasmou ao finalizar seu primeiro livro e a partir daquele dia se prometeu: ‘-NUNCA MAIS EU PARO DE LER’.  

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Carta de despedida


Os livros estão na estante, os CDs guardados e os DVDs ainda vejo. As roupas eu não doei, os brincos não joguei fora e as CARTAS não fiz fogueira. O coração está sob a cama, e o meu aqui, meio partido meio colado, mas ainda VIVO.

Pensei que não sobreviveria ao caos do desmoronamento, mas o frescor de uma nova MANHÃ sempre revigora até os tidos inúteis. O trem que passou pelo meu corpo, hoje viaja em outras terras, percorrendo novos CAMINHOS, apreciando tantas belas paisagens. Verdes, azuis, mares e FINS. 

Os sorrisos que me lembro e os que tenho agora são proporcionalmente ACOLHEDORES. E estes me fazem viver mais e MELHOR. O sol vai aquecendo aquele frio aparente, e a mãe das águas me acolhe no seu melhor abraço. As lágrimas aos poucos vão sendo substituídas por canções já ouvidas e nunca observadas. E a vida vai voltando ao NORMAL.

O cheiro de fruta fresca no início da tarde continua inundando o rol de entrada, e eu ainda me pego sentindo falta da sua RESPIRAÇÃO. Mas aos poucos eu me acostumo com novos VERBOS e mãos. Com sotaques interioranos e costumes inéditos. 

Os sonhos que insistem em tomar conta das minhas noites já não são tão densos, e eu, aos poucos, vou voltando a CAMINHAR sentindo aquela brisa que só a mais tranquila pode me presentear.  

Volto a me pintar de VERMELHO, rosa, e lilás, e a cada ida e vinda do batom lembro de VOCÊ, mas sempre com carinho. As risadas estão mais altas, e o êxtase que às vezes envolve meu corpo não mais é comprimido por um receio de sentimento partido. 

Os olhos bucólicos que por ora me olham me fazem sentir como Caetano... Que cantando a VIDA, vive num sonho que pra nós é PERFEITO, e só ele sabe a dor e a delicia de saborear cada acorde azul anil.    

Mas mesmo com o coração recortado, ouço as CANÇÕES que você me ensinou, e que por minha vez, ensinarei a novos ouvidos, que passarão para seus vizinhos, e os netos procurarão saber de quem é aquela voz que um dia ouvira falar ser o melhor dentre os melhores da HISTÓRIA que pensara viver.
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